segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Muitos anos depois


Há sempre alguém que nos diz tem cuidado 
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco 
Há sempre alguém que nos faz falta 
Ah... Saudade! 

Foi, ao que parece, neste quarto dia do mês de Agosto, mas há muitos anos, em 1976, que começou o Trovante. Não sei bem o que andava a ouvir nessa altura, já tão longínqua, mas só sete anos mais tarde, em 1983, lhe prestei atenção. E foi amor à primeira vista, o que é raro acontecer-me.
Durante os anos seguintes, até à extinção do grupo, em 91, andei com ele para todo o lado, literalmente, e também na cabeça e no coração. Quem é mais ou menos da minha idade, gostando ou não, sabe que o Trovante marcou uma época, como marcou indelevelmente a minha vida.
E foram incontáveis as vezes em que, nas melodias e nas palavras, encontrei o que me permitia preencher os dias de paz e de fantasia, nas horas boas e más em que as palavras falham e só queremos uma música e uma voz que nos embale o silêncio, o prazer, a alegria, o desgosto; e que nos toque no fundo da alma, e nos leve para longe, a sonhar.
Hoje, confesso, é raro ouvir estas canções, mas ficam milhares de boas memórias e, às vezes, como agora, alguma saudade; e a certeza de que o Trovante é também um pouco meu; e que estará para sempre coladinho à minha história.



6 comentários:

  1. Início da actividade dos Trovante: Verão de 1976, em Sagres.
    Dezasseis anos de sucesso indiscutível. Mais, se considerarmos as actuações feitas por convite, ainda depois do seu termo oficial, em 1992.
    Na realidade, os Trovante estiveram em palco até 2011 quando, na 35ª Festa do Avante, comemoraram os 35 anos de fundação da banda.

    Vários trabalhos que de uma forma ou de outra, marcaram as vidas daqueles que sentiam mais que o som de acordes musicais.
    Para, de certa forma, matarmos saudades das vozes desse grupo, João Gil e Luis Represas fazem, a solo ou integrados em projectos de ciscunstância, alguns trechos que continuam a agradar.

    Bom gosto, Isabel.
    Beijinho e boa semana.



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    1. Perdoar-me-á, mas sobre o Trovante, além dos próprios, deverá ser difícil encontrar alguém que saiba mais que eu.
      O grupo acabou de facto em 91, embora tenham ainda surgido mais umas coisas sem relevo no ano seguinte. E talvez 92 possa surgir registada como a data oficial do fim, mas não é a real.
      Depois disso, juntaram-se pontualmente em duas ou três ocasiões, sendo a mais célebre o espectáculo do Pavilhão Atlântico em 12 de Maio de 99, a convite de Jorge Sampaio, que deu origem ao CD "Uma noite só".

      Ainda que tenham passado pela Festa do Avante, como pelo Rock in Rio em 2010 (únicos dois espectáculos em que não estive), a comemoração dos 35 anos foi feita num espectáculo no Coliseu, a 31 de Outubro de 2011. Sei, porque estive lá, na primeira fila, como sempre.

      Por mais que eu goste do Trovante (e conheço muita gente que não gosta!) por mais que o grupo e a música tenha marcado a minha vida, tudo tem um tempo. O Trovante hoje já não faria sentido. E o fim permitiu que todos eles (e não apenas Represas e Gil, que são os mais mediáticos) tenham seguido diferentes caminhos e feito muitas outras coisas depois.

      Se é bom gosto ou não, não sei; e é discutível. Mas Gil e Represas são hoje para mim, acima de tudo,dois amigos, porque crescemos juntos e partilhámos muitas emoções e vivências.
      E, se tivesse que escolher uma voz para a banda sonora da minha vida, não hesitaria: escolheria Luís Represas, que é para mim (será sempre) "a voz"...

      Boa semana também para si.

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    2. Não ponho em causa o seu conhecimento sobre os Trovante. Por que carga de água haveria de pôr?
      Só que o meu (conhecimento) é, igualmente lato. Porque conheci muito sobre o grupo, sendo até, obrigado a saber. Por causa das funções radiofónicas que tive durante muito tempo. Não justifica tudo mas é qualquer coisa.O Manuel Faria, o Artur Costa, o Fernando Júdice, o José Salgueiro, continuaram mas muito longe dos projectores logo, menos mediáticos.
      Como em tudo, há gente que gosta e gente que não gosta. É, no entanto, inegável que havia qualidade no grupo. A mesma qualidade que Luis Represas e João Gil 'arrastaram' consigo.
      O final dos Trovante foi mesmo em 1991. Se a qualidade dos trabalhos feitos nesse ano foi inferior, é outra coisa. O que conta é a data oficial.
      E a última aparição (de aparecimento) foi, como disse, na Festa do Avante, com uma actuação a roçar o perfeito e, naturalmente, sem menorizar a exibição de 2011 no Coliseu dos Recreios ou antes, em 2006, no Campo Pequeno, a convite do Montepio Geral ou ainda antes, em 1999, nas comemorações dos 25 anos da revolução, a convite de Jorge Sampaio, no Parque das Nações.

      Ainda vale a pena ouvir os Trovante e Luis Represas, a solo ou integrado num projecto musical.

      E lá vou eu!


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  2. Também gosto muito "dos" Trovante. A voz irrepreensivelmente bonita do Luís Represas, as letras e as composições são maiores. Mas, se me permite, vou fugir do tema do post. Acho piada à forma, naturalmente possessiva, com que a Isabel chama seu ao que mais gosta. A sua Lisboa, o seu Trovante, a sua Escola, o seu Autor. Isso é por usucapião, ou seja, forma pacífica de se apoderar do que gosta com prevalência no tempo, ou mera figura retórica linguística?

    (por favor, não caia em tentação de me levar a mal, acho que a sua explicação dava até um post, escrevo a sério)

    Beijinho :)

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    1. Digo, escrevo, "o" Trovante (como eles dizem) e não "os" Trovante, como toda a gente. Ainda que possa parecer, não se trata de mania de ser diferente. Na verdade "o" Trovante é o grupo, embora ele seja constituído por um grupo de pessoas, pelo que uma e outra têm razão de ser. E, em geral, usa-se o plural ("os" GNR, "os" Madredeus).
      Para ser inteiramente sincera, tal como na história do Mouzinho (com z) ou do Mousinho (com s) e por motivos bem diferentes, claro, acabo também neste caso, por utilizar as duas versões. ;)

      Quanto ao resto: já me conhece suficientemente bem para saber que não ia levar a mal a sua observação, a qual acho, aliás, muito curiosa. É que nunca tinha reparado nisso. Mas é um facto. Tanto mais engraçado quanto, no que aos afectos diz respeito, não me considero uma pessoa nada possessiva.
      E, por isso, ou ando muito enganada sobre mim mesma - e os outros comigo - ou trata-se aqui de qualquer coisa de outra dimensão. Vou mais por aí. E gosto da sugestão que o Paulo avança, essa de "usocapião". Excluo a retórica. Sou de grandes amores e desamores. Comigo não há meias-tintas. Gosto muito de tudo o que gosto e, quando não gosto, sou também radical: não gosto nadinha; e não há nada a fazer. Entre uma coisa e outra fica o que me é indiferente.
      Essa ideia de me apoderar do que gosto de forma pacífica, com pravalência no tempo, agrada-me. No fundo é aquilo de que gosto tanto que é já como se fizesse parte de mim, com tudo o que me acrescenta e faz feliz. Mais ou menos isto.

      Enfim, em todo o caso vou pensar melhor, quem sabe um dia fazer até um post a este respeito, seguindo a sua sugestão.
      É que fui um pouco "apanhada de surpresa". E é giro isto de, através dos outros, conhecermos de nós características ou particularidades das quais nunca nos tínhamos apercebido...

      Beijinho :)

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    2. Escrevi "pravalência" em vez de "prevalência" e nem sequer sou disléxica, como a outra... ;)

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