segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O último Resnais


É um filme que vale a pena ver. Não apenas por ser o último filme de Alain Resnais, estreado poucas semanas depois da sua morte, em Março deste ano. Nem por Resnais ser um realizador incontornável, obrigatório para quem, como eu, gosta de cinema e muito especialmente de cinema francês.
Aimer, boire et chanter é um filme que adapta uma peça de teatro (Life of Riley) de Alan Ayckbourn, como já acontecera com Smoking/No Smoking, por exemplo, situando-se por isso entre o teatro e o cinema num processo de mise en abyme, e jogando sempre com a dualidade entre a ficção e a realidade, o passado e o futuro, a vida e a morte.
Tem excelentes diálogos interpretados com humor e subtileza, mas também com uma intencional ausência de naturalidade pelo leque de actores habituais nos seus filmes, como Sabine Azéma, André Dussolier, Caroline Sihol, Hyppolyte Girardot e outros.
Mas tem muito mais: a peculiaridade de a personagem principal, à volta da qual gira toda a história, nunca chegar a ser vista. E as habituais inquietações artísticas de Resnais, como a questão do tempo, que está sempre presente e se manifesta  no filme de várias maneiras.  (É genial a questão das pausas, enunciada pelas personagens de Kathryn e Colin, por exemplo...)
Eu gostei muito. E, como diria um amigo meu: ide ver, pois -  e dizei-me se tenho ou não razão.... 

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