sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sim filha, pois amor



Na minha família, na minha casa e no meu círculo mais íntimo, nunca houve tendência para a utilização de petit-noms, diminutivos, ou outras denominações do mesmo género. Mesmo quando eu era pequena, não me lembro de "mamãs" e "papás", nem de "popós" e "ãoãos". Habituámo-nos, pois, desde sempre, a chamar as pessoas e as coisas pelos seus nomes.
Será talvez por isso, ou apenas por uma questão de gosto, que há certas  formas de tratamento que são, para mim, absolutamente detestáveis. De "filha" a "querida", passando por "fofinha" e outros epítetos semelhantes, pretensa e aparentemente carinhosos, mas reveladores, sobretudo, de algum paternalismo condescendente, todos me parecem, antes de mais, sinal da maior parolice. 
Mas, o cúmulo de tudo isto é mesmo aquela mania enervante que certas pessoas têm de se dirigir a alguém chamando-lhe "amor". Ou, pior, na sua versão abreviada e ainda mais insuportável: "mor". Quem diz "mor", tem também tendência para dizer "miga". Não entendo porquê. Nem para quê. Nunca percebi se quem o diz pensa que dirigir-se assim ao outro é uma manifestação exterior de um apego mais forte e mais profundo. Ou se há nesse tipo de designação alguma tentativa implícita, mesmo inconsciente, de alardear sentimentos de posse. Não importa! As pessoas podem tratar-se como muito bem entenderem. Felizmente, nunca me relacionei com ninguém que apreciasse esse tipo de "mimos". E não deve ser por acaso.
É que acho que há determinadas meiguices que só fazem sentido na intimidade da solidão a dois, e devem circunscrever-se a esse(s) espaço(s) e a esse(s) tempo(s), onde tudo é permitido. Aí sim,  gosto de todas as pequenas coisas ternas que se dizem baixinho, ou nem por isso, mas longe de olhares e ouvidos indiscretos. E, para mim, não há nada mais charmoso, nem mesmo mais sexy, do que ouvir uma voz que me é querida dizer o meu nome, em todas as sua variantes, chamando por mim, entre múrmurios de amor, ou palavras embrulhadas de afecto. Porque é o meu nome que me distingue e identifica; e que me faz diferente de qualquer outro "amor."

14 comentários:

  1. Hum... Não sejas assim, afinal isto há sempre gostos para tudo e estas coisas valem o que valem.

    Repara o meu caso, por acaso até trato as pessoas da minha familia pelo nome, algo que causa muita estranheza a muita gente. Sinceramente também prefiro tratar os outros pelo nome, e nada de "bolinha de neve", "pititu-pixiru", etc. Mas é como é.

    Já a filhota, quando era pequena estava ela pelos 2 anos ou menos, que aprendeu a chamar papá e papazinho a imitar uns bonecos que via na TV.

    Agora pensas tu: "mas que foleirada!!! o mundo está perdido!!! Os jovens hoje em dia... Se fosse minha filha ia ver como era... Metia-a logo na linha!".
    Eu gostei... Confesso secretamente que até fiquei um pouco babado. Mas o que queres? Os papás tem todos a sua dose de paternalismo condescendente parolo, portanto o melhor é não pensar muito nisso... :P

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    1. Sérgio:
      Acho que não entendeu o que eu qui dizer! Claro que há gostos para tudo. E ainda bem!
      Nada contra os tratamentos de papá e papázinho, ou mamã, apesar de eu nunca os ter usado. Ou de toda a espécie de diminutivos em
      -inho. Hoje, algumas pessoas mais próximas, tratam-me meio a sério e meio a brincar por Bélita. E eu gosto.
      Falava de outra coisa. É mais o: "vamos jantar, amor?"
      Mas, cada um faz e diz o que entende.
      Longe de mim querer "meter na linha" quem quer que seja ou, ainda menos, achar que "o mundo está perdido". também nunca digo: "os jovens hoje em dia..."
      É só a minha opinião. Ou o meu gosto. Mais nada... Sem pretenciosismo algum... É bom que haja diversidade. E que sejamos livres de gostar de umas coisas e outras não. Foi isso que quis dizer.

      Bom fim de semana!

      Isabel Mouzinho

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    2. Só para corrigir os erros da minha resposta: é "quis" e não "qui"; e é "pretensiosismo". Além disso, é "Também" é com letra maiúscula.

      É que sou professora de português... ;)

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    3. Ora ora... O meu comentário também teve (ao leve) um ligeiro "quis" de provocação...

      Bom fim de semana.

      PS: Bélita?... Blhac!... Isabel soa bem...

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  2. Infelizmente, Isabel, na minha família era o contrário, havia diminutivos para todos os irmãos e ainda hoje me chamam um nome que ninguém aqui no norte, nem os meus netos, sequer reconheceriam. Talvez por sermos oito irmãos, inventávamos petit noms a todo o propósito e toda a gente nos conhecia por esses nomes. Só na escola era Virgínia e mesmo isso só para os profs; as amigas, como a Helena Roseta - a minha melhor amiga no liceu - tratavam-me pelo dito petit nom.

    Quanto ao amor, querido, na minha casa não se usava a não ser com os miudos quando eram pequenos. Noto que os uso muito mais agora como Avò e adoro que eles me chamem Vóvò, uma coisa que não me passaria pela cabeça há trinta anos. Nunca tratei os meus pais por Papás, nem os meus filhos nos trataram a nós. Nunca os tratei por tu e agora os meus netos tratam-me por tu e eu aceito. Aceito tudo, desde que eu sinta que há amor e afecto entre nós, está tudo bem...entrei no modo " 3ª idade" :)))

    Bom fim de semana, Bélita:))))

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    1. Eu nunca usei muito os petit-noms, mas não tenho nada contra eles. O que eu não aguento mesmo é aquilo do "mor". "Onde estás "mor"? e coisas no género ditas a torto e a direito, em público, quase como uma forma de exibicionismo. Em privado, tudo é admissível. Até o "mor", eventualmente, se existir o dito - ahahah!!!
      A Virgínia entende-me, que eu sei!

      Bom fim de semana também!
      Beijinho
      Bélita (eheheh)

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  3. Começo por dizer que comecei a ler o seu blogger através de outro que lemos em comum.Um dia ,vi lá um comentário seu e, toda "cusca" ,vim espreitar.Isto já lá vão alguns meses!De modo que fiquei cativa.Venho cá quase todos os dias ler-lhe. Hoje resolvi comentar este "post", porque penso exactamente a mesma coisa! (risos) Aliás,era para ter feito há mais tempo, mas não me senti à vontade.O que escreveu por não ter carta de condução identifico-me com quase tudo! Com a diferença que nunca fiz tentativas de nada.Como Vê estamos em sintonia em muitas coisas. Por isso, gosto do que escreve e da sua escrita.
    Melhores cumprimentos!
    Madalena Amaral.

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    1. Bem-vinda, Madalena e obrigada pelas suas simpáticas palavras. Ainda bem que desta vez se sentiu à vontade para comentar. Deste lado também é bom saber que há quem nos leia... :)
      Já agora, que eu também sou "cusca" q.b.: qual é o blog que temos em comum?

      Volte mais vezes. Beijinho
      Isabel Mouzinho

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  4. Respondendo à sua pergunta: "fio de prumo", da drª Helena S Cabral...É muito agradável quando me sinto em sintonia com as diversas formas de estar neste mundo.Nem sempro se encontra eco. Por isso, não foi bem querer ser simpática é o que sinto mesmo. Entre alguns blogs que leio diariamnete, o seu não escapa! Aliás, tenho-o nos favoritos.
    Obrigada pela resposta.Tenha um bom dia de Sábado!

    Madalena Amaral.

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    1. Também foi pelo blog da Helena que eu comecei. E através dele cheguei a outros e depois a outros. Hoje leio muitos, mas tenho a minha lista de preferências mais ou menos secreta, que são aqueles com os quais mais me identifico. :)

      Bom fim de semana também para si, Madalena!
      Beijinho

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  5. "Mor" é do pior, é uma piroseira mor! LOL
    Mas miga, quer dizer amiga, quer dizer eu digo miga, algumas vezes, na brincadeira mas também com carinho:) pecadora me confesso aqui :)

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    1. Ahahah! Eu não digo "miga", nem "mor" em circunstância alguma. E, no entanto, na intimidade sou capaz de dizer coisas inacreditáveis... ;)

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  6. Papá, mamã, chichi e cocó, sem problemas!
    Amor, nunca em público. Talvez entre quatro paredes, onde as possibilidades são infinitas e tudo vale. Em havendo o dito.
    Beijinhos :)

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