quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Manas



Olho esta fotografia e vêm-me à memória recordações de um tempo já muito distante, de inocência e diversão, em que o nosso mundo cabia nos limites do corredor lá de casa, das paredes do nosso quarto, ou do jardim à nossa porta.
Da época em que usávamos roupas que só nas cores eram diferentes e  as nossas bonecas tinham nomes acabados em "inho", em que o que havia para fazer tínhamos que fazê-lo juntas, unidas em tudo, parceiras de brincadeiras e da descoberta da vida, que parecia tão simples e misteriosa, e em que apenas esse universo de fantasia e realidade misturadas nos enchia os dias enormes.
Naquela altura, inseparáveis e conhecidas como "as manas", aliávamo-nos a engendrar planos e partidas, inventávamos piadas e linguagens só nossas das quais guardamos até hoje inúmeras frases e expressões que só nós entendemos e de que somos capazes de rir  ainda  com a cumplicidade de antes, vivíamos com  a mesma intensidade zangas e intimidades, amores e ódios e partilhávamos espaços, afectos, medos, amigos e confidências.
Depois a vida, ou nós, ou o que quer que tenha sido, foi-nos afastando. Agora já é tudo muito diferente, cada uma para seu lado. Mas, para lá dos laços familiares, do sangue e do nome em comum, ainda é muito maior o que nos aproxima do que o que nos distingue e separa, porque esta é uma relação única e irrepetível, que nunca se desfaz.
A mana Teresa faz hoje anos. E, sempre coladinha, até no tempo, para a semana é a vez da outra mana...

4 comentários:

  1. Agora, Isabel, multiplique isso por três + 2 rapazes e imagine o que era a minha casa - as manas eram seis e os manos dois, o mais velho e o mais novo. Também tínhamos toda essa cumplicidade e invejinhas, amores e desamores, segredos e conquistas. Tb a vida me separou delas - quanto a mim na boa altura - pois sempre quis a minha independência e já detestava ter de dar contas do que pensava ou fazia a uma mão cheia de pessoas...
    Hoje somos avós, os filhos são 21, os netos 27, já não há a mesma união. Mas ficam as recordações duma casa cheia - tipo Von Trapp - vestidinhos iguais, cor de rosa e azuis, música clássica, namoricos, brincadeiras no jardim da grande casa do restelo, enfim....tudo passa.
    Em que dia faz anos?

    Bjinho

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    1. Faço no dia 7, esse número maravilhoso :))
      Daqui a uma semana.

      Beijinho
      Isabel

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