sábado, 2 de fevereiro de 2013

Tentação



Não é preciso palavras. Um sinal basta. Um olhar. Um sorriso. Um gesto. Passar-lhe a mão no cabelo, abrir os braços para ela caber dentro deles e sentir o calor do seu corpo e firmeza do seu abraço a desafiar os perigos, a levá-la consigo para um lugar distante,  ao sabor do vento  e, com um só movimento, esquecer obrigações e mágoas antigas, matar as dúvidas, as angústias,  os medos. Depois, fechar as mãos para agarrar o amor e desatar vontades, na procura do que já não se consegue conter; poder, enfim, repetir  despudoradamente quero-te, quero-te, quero-te e entregar-se ao prazer como se fosse a primeira e a última vez, na emergência do corpo,  até serenar o coração em sobressalto e  a doce e ardente inquietação do desejo, sorrir e repousar, quietos e abraçados, procurando eternizar instantes assim, suspensos na claridade difusa do dia e na força do mar, na neblina que dissolve e mantém incertezas, num mundo só deles, sem contornos definidos, como uma ilha inventada e por explorar, onde apenas podem chegar e existir juntos.
Por fim, acreditar que na vida há poucas coisas importantes e que o tempo ajuda a perceber que o amor é  a melhor e  a maior de todas; e que amar também é deixar-se ir e não saber porquê. E ser capaz de voltar. E de deixar partir.


(fotografia de Paulo Abreu e Lima que, gentilmente, ma "emprestou")

4 comentários:

  1. Lindíssimo texto, Isabel....mas sinto uma nostalgia ao lê-lo....

    Será que o Amor só dura o tempo duma rosa?

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    1. Nostalgia nenhuma, Virgínia! Apenas talvez a consciência que nunca nada está garantido...

      Beijinho :)

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  2. Ui, a fotografia até mudou de cor com as palavras que a acompanham...

    Beijinhos :)

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    1. Pois é, Paulo, as suas fotografias são muito inspiradoras...
      Mas eu prometi não abusar e vou manter a promessa ;)

      Obrigada outra vez. Um grande beijinho :)
      Belinha

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