quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Um amor assim



Não, não quero falar de futebol. Não quero saber do Ronaldo nem do mundial; e toda esta gigantesca euforia nacional me passa ao lado. Parece-me absurda e desproporcionada. É-me absolutamente indiferente. Não me vanglorio com as vitórias, nem me humilham as derrotas. Vou sabendo o que passa, porque não há outro assunto. Hoje, o país é só futebol. Amanhã volta a crise. E depois de novo o futebol, em rigorosa  alternância. Triste país este, que apenas no orgulho futebolístico se assume patriota.
Mas, para mim, hoje, és tu o meu país e até o mundo. Porque quando me olhas nos olhos, ainda vejo às vezes tudo a andar à roda; e o coração começa a bater mais apressado; e há vontades a crescer-me nas mãos, e na pele, e no corpo todo, na inevitabilidade do desejo, na urgência do  abraço apertado e  na vontade imensa de te querer ter, ansiando e antecipando a vertigem do prazer.
Nem preciso que me ames para sempre. Basta-me o aqui e o agora  de todas as vezes que se foram somando e eternizando, de tantos momentos de cumplicidade e risos confundidos,  de tudo o que ainda me fazes pensar e sentir, e mesmo do sabor amargo de tantos  dias e noites de saudade sem tamanho, de distâncias e esperas, de dor e lágrimas silenciosas, de mágoas e de desalentos, que também foram fazendo a nossa história, tão simples e tão bonita, por mais estranha e inexplicável que ela possa parecer a quem não a conhece pelo lado de dentro. É que, quando o amor é enorme, cabe numa vida inteira.

4 comentários:

  1. Absolutamente de acordo, Isabel.
    Beijinho

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  2. Obrigada António. Um beijinho para si também.

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  3. Muita eforia sobre o futebol, quanto a mim, irracional serve para combater frustrações ou um tubo de escape do dia-a-dia!...Esta industria" futubulesca" não me diz nada nem quero que me diga nada!...Só fico apreciando as macacadas de camarote e com algumas ri-me. Será que sou normal? (risos)
    Gostei do texto!
    Beijinho, Isabel

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    1. Eu não aprecio futebol e não me interessa, mas não critico quem gosta dele. O que irrita é este exagero todo. Aquilo é um jogo! Ganha-se ou perde-se. Não é nenhum feito heróico. E o orgulho de ser português associado ao futebol, então, é uma coisa que me tira mesmo do sério. Para mim não passa de mais uma manifestação pimba e terceiro-mundista do país que somos. E o Cristiano Ronaldo pode até ter jeito para aquilo, mas quanto a mim não deixa de ser excessivamente arrogante. Bom, é a minha opinião e, naturalmente, vale o que vale.

      Quanto ao resto, obrigada.
      Beijinho

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