segunda-feira, 29 de junho de 2015

Os romances no cinema



Em geral não gosto dos filmes que são adaptações de livros; e evito vê-los. Sobretudo se se trata de grandes livros, daqueles que de alguma forma me marcaram. O filme parece-me sempre uma visão redutora e às vezes demasiado simplificada relativamente à complexidade do que as palavras nos contam, e ao vê-lo perde-se até um pouco a magia do que a leitura nos fizera imaginar. Por isso, propositadamente, não vi Os Maias. E muitos outros.
Ora, Madame Bovary fugiu à regra. Apesar de ter sido um livro que gostei muito de ler. E que estudei a fundo. Aliás, um dos trabalhos que mais gostei de fazer na Faculdade de Letras foi precisamente a comparação de Emma Bovary com a Princesse de Clèves. Não sei bem por que motivo decidi ir ver este filme, que nem é a primeira adaptação da obra. É a quarta ou quinta. E não vi nenhuma das outras, que têm a assinatura de nomes de peso: Renoir, MinnelliChabrol. Talvez fosse apenas a ideia de poder ouvir falar francês, como eu tanto gosto, ou porque o nome da realizadora, de quem nunca ouvira falar (Sophie Barthes) me recordava também um apelido muito respeitado desses tempos dos estudos literários.  
Mas, no fundo, levava comigo aquela desconfiança de quem não esperava que o filme fosse "grande coisa". E não é, de facto.  Ainda assim é bem melhor do que eu esperava.
Mesmo se, como tão bem diz a Helena, é  bizarro até ao incómodo ver  Madame Bovary  falado em inglês. Nesse sentido foi, sem dúvida, uma desilusão. Mas se é verdade que falta emoção e densidade psicológica a esta Emma, o filme é relativamente fiel ao livro de que parte, faz uma belíssima reconstituição de época, com imagens magníficas da Normandie e com um acompanhamento musical que muito contribui para que o resultado final não seja desastroso.
Enfim, podendo até "saber a pouco", não deixa de ser  um filme que merece uma ida ao cinema.

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