sábado, 9 de junho de 2012

Patriotismo f(uteb)oleiro



Eu não gosto de futebol, não percebo nada do assunto, nem me interessa. É-me, portanto, absolutamente indiferente que ganhem, percam, ou o que quer que seja. Sou sportinguista por herança paterna e porque durante dez anos da minha vida fui uma ginasta desse clube, que continua a ser o meu. Mas nunca consegui, nem conseguirei, entender as paixões  e fanatismos que o futebol desperta. E já é uma história antiga. Uma das recordações que tenho da infância  é a do mau humor do meu pai todas as vezes que o Sporting perdia, como uma inevitabilidade que sempre me pareceu excessiva e descabida.
Ainda mais rídiculo é pois, para mim, este súbito patriotismo que faz com que  o orgulho de ser português se manifeste apenas quando o assunto é futebol. E então não se fala de mais nada, como se disso dependesse o destino do país e do mundo, ou mesmo, talvez, a independência nacional. E por todo o lado há manifestações mais ou menos foleiras desse patriotismo agudo: são as bandeirinhas à janela, ou nos carros, os cachecóis, toda a indumentária em vermelho e verde, as pinturas com as cores nacionais, a emoção com que se entoa o hino nacional, os gritos "Portugal!" a plenos pulmões. Depois, tal como os maus alunos para quem quando os resultados são bons o mérito é deles e quando são maus a culpa é do professor, também no futebol se ganhamos enchemos o peito e gritamos que "somos os maiores" até não poder mais, mas, se perdemos, é porque  a culpa não foi nossa. Nunca! Foi uma fatalidade. Foi culpa do árbitro, foi azar, ou, no mínimo, foi uma grande injustiça, porque jogaram lindamente, continuam a ser uma excelente equipa, com muita atitude; as bolas é que não entraram na baliza, mas continua-se de cabeça erguida, porque... (e depois a frase obrigatória): "O futebol é mesmo assim!"... Ou seja: merecíamos sempre ganhar. Haja paciência... 

Sem comentários:

Enviar um comentário