segunda-feira, 21 de março de 2016

Leitores de Poesia


Apesar de ser um pouco avessa aos dias disto e daquilo que, dos mais ridículos aos mais pirosos, se tornaram já uma verdadeira praga, abro aqui uma excepção para referir a iniciativa do DN na comemoração do dia de hoje, a qual consistia em perguntar a seis poetas "o que espera um poeta de um leitor?". Gostei, em particular, da resposta de José Tolentino de Mendonça. Dizia assim:
O poeta não espera nada, e só assim está certo. Aquela experiência de solidão e graça, aquele misto de façanha e medo que se prova na construção de um poema pede esse absoluto desprendimento. O poeta não espera nada, portanto. Mas o poema espera tudo. Poder-se-ia dizer que espera ser lido, escutado mesmo que de passagem, criticado, analisado, reencontrado, refeito numa labareda ou até esquecido. Tudo isso. Creio, porém, que o poema talvez espere simplesmente um amigo que de longe venha, como diria Ruy Belo.
Ou, como diz Nuno Júdice: (...) a poesia continua a abrir horizontes surpreendentes num permanente convite à viagem para dentro e para fora de nós.

2 comentários:

  1. É verdade, Isabel, já se torna difícil encontrar um dia que não seja de nada. Que seja simplesmente um dia. Mas alguns, como este da poesia, merece destaque. E gostei da imagem, com esse "calligramme"... :)

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    1. Não há pachorra, de facto. Mas há uma ou outra excepção, sim. Eu gosto muito de Apollinaire, e de poesia francesa, em geral. :)

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