quinta-feira, 25 de abril de 2013

Começar de novo



Estes têm sido dias marcados pela ideia de mudança. Porque sinto que é tempo de voltar ao lugar onde pertenço e de regressar  à escola, às aulas e aos alunos, sempre tantos, tão diferentes uns dos outros.
E também a uma vida de correria e agitação que eu já conheço de cor, com  o tempo medido a toques de campainha, novos grupos de hora a hora, cadernos e canetas de muitas cores, às voltas com as palavras e os livros, pensar, ler, escrever. E mostrar como tudo isso pode ser bom. E ensinar a perceber que a arte e a cultura fazem parte da nossa vida e podem ajudar-nos a ser pessoas melhores e a ver o mundo de outra maneira.
Estes foram três anos fundamentais para a minha vida. De amadurecimento. De poder parar e pensar nas coisas; e vê-las de modo diferente. De alargar horizontes. Mas acho que esse tempo já se esgotou.
Estou, de novo, num momento de viragem. Fecha-se um ciclo e uma vida nova está para começar. Isso assusta e atrai, como qualquer novidade. Medo e vontade em doses quase iguais. Porque não se sabe como vai ser. Porque é sempre um risco. Porque implica sair da nossa zona de conforto. Porque o comodismo nos impede às vezes de dar um passo por caminhos que não sabemos onde vão dar.
Nem sempre sei bem o que quero. Mas sei quase sempre o que não quero: sei que não quero voltar à escola que foi minha durante vinte e dois anos. Porque já nada será igual. Porque ela faz parte de um passado que foi grande parte da minha vida, mas que eu sei que não vai voltar nunca mais. Que nunca poderia ser como foi. Porque traz agarradas muitas memórias, boas e más, mas que pertencem a um tempo que já passou.
Então prefiro começar de novo, como se fosse a primeira vez, num sítio onde ninguém me conhece  e eu não conheço ninguém, numa escola nova, que eu possa de novo voltar a dizer e sentir "minha".
Concorri a doze escolas. Agora é esperar...
E lembro-me de uma canção, que em todos os momentos há sempre  música a encher a minha vida. A de agora é esta:
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
ter amanhecido...

8 comentários:


  1. Isabel:

    Vai ter um choque brutal. Tudo é diferente. De há três anos para cá o sistema mudou muito e quem cai de paraquedas numa escola, sofre sempre uma relativa hostilidade da parte dos que já lá estão.
    Sei-o bem, vinda de Lisboa para a Sertã, da Sertã para o Carolina Michaelis, daí para Chaves e de novo regresso ao Porto. Nunca tive receios de não ser aceite porque me sabia competente na minha área e quase sempre marcava a diferença. Era vocacionada para o ensino e nunca fiz outra coisa, apesar de ter trabalhado durante a faculdade noutros ramos. Sabia que me afirmaria em qualquer sítio pois tinha uma enorme vontade de vencer, de criar raízes, de deixar marcas. E foi isso que fiz em todos os lugares por onde andei. Cheguei a comprar um projector de slides do meu bolso para a escola da Sertã e fiz eu os slides á mão ( desenhos) para motivar os alunos.
    Depois comecei a fazer livros e neles transmiti todo o meu entusiasmo e criatividade, sendo compensada financeiramente dum modo extraordinário, pois como sabe, os professores ganhavam uma miséria nos anos 70. Consegui fazer um nome e , sobretudo, dar aos meus filhos possibilidades com que nunca tinha sonhado. Eles mereciam.

    Os alunos já não são o que eram, mas até há melhores, que nos incentivam todos os dias a continuar. E o Português é uma disciplina mestra, importante, aliciante ( Já o ensinei em 4 anos ou mais).

    Tem de se encher de coragem, pois os tempos estão difíceis, pelo que oiço a todos os profs sem excepção.
    Mas é uma nova etapa, de certeza mais dinâmica, mais desafiadora, mais humana e motivante. Também mais cansativa....90m+90m'90m dão cabo duma pessoa:). Mas tb há as tecnologias que tornam as aulas mágicas, quem me dera te-las tido!!

    Felicidades e desculpe este arrazoado, hoje saiu-me assim. Espero que não se arrependa e que seja muito FELIZ na ESCOLA!

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    1. Estou preparada para o embate Virgínia, absolutamente consciente de que não é fácil o que me espera. Conheço muita gente que está nas escolas, não perdi nunca o contacto com essa realidade e sei como todos estão exaustos e desencantados.
      Mas eu gosto de desafios difíceis. E, na verdade, tudo isto foi muito bom para mim, até para ter a certeza de que é à sala de aula que eu pertenço. E tenho saudades dos alunos e do que há de mais poético nessa relação entre nós e o saber e a vida. Ainda hoje me fartei de chorar a ver um filme que lhe recomendo: "Professor Lazahar"...

      Não tem que pedir desculpa de nada, diga sempre tudo o que lhe apetecer e obrigada.

      Beijinho

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  2. Nunca começamos verdadeiramente de novo. Recomeçamos, quando muito. Porque o mais importante é encarar a mudança sem medos, como se fizesse parte integrante do nosso caminho. Não começamos de novo, apenas seguimos em frente repletos de tudo aquilo que já sabemos e ficou para trás.

    Boa sorte, Isabel!

    Beijinho :)

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    1. Sim, Paulo, é assim como diz. É mais recomeçar do que começar de novo. Mas com um sabor a novidade ainda assim. Gosto da sua formulação: "seguimos em frente repletos de tudo aquilo que já sabemos e ficou para trás". É isso. Esta é uma mudança que eu quero, mas não é isenta de medos, ou chamemos-lhe antes a expectativa diante do que me espera. Bom e mau. Atracção e arrepio. De qualquer modo, atiro-me de cabeça, como sempre. Mesmo que me arrependa depois.

      Obrigada Paulo! Depois conto... ;)

      Beijinho :)

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  3. Ser professor não é um trabalho, é uma vida.

    Tenho nostalgia da sala de aula e acredito, Isabel, que vai ser de novo o seu espaço, onde se sentirá mais útil, mais envolvida na vida dos adolescentes que a rodeiam. Não há nada como a adrenalina, sentirmo-nos construtores de uma obra todos os dias. Também há momentos de cansaço ( sobretudo isso) e de desmotivação quando as coisas correm menos bem, mas cada dia é um dia e como dizia a Scarlet O'Hara, tomorrow is another day!

    Bjinho

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  4. Sempre gostei de (re)começar numa escola nova. E acho que ainda gosto. O primeiro ano é usualmente duro, sem ligações e afetos estabelecidos e o teste constante das turmas. Depois são dois bons, e ao quarto ano já me apetece mudar... :) Por isso, a mudança tem de ser vista como positiva, uma nova experiência que nos fará crescer e nunca estagnar. E há sempre, sempre, gente adiante.
    Boa sorte!!!

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    1. Obrigada Faty! Eu também vejo a mudança como positiva e sou uma optimista. Por isso, estou convencida eu vai ser mesmo bom ;)

      Beijinhos

      (Não tenho feito muitos comentários no "AEfetivamente", mas continuo a passar por lá com regularidade. E a gostar. Estamos por aqui ;)
      Mais beijinhos

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