domingo, 21 de abril de 2013

Encontro com o sol

 
Finalmente o encontro, há tanto tempo esperado. Até  custava a acreditar que agora  era real  e não apenas um desejo adiado, daqueles que se aguardam no pressentimento que, mesmo não sendo para já, vai valer a pena. Sempre achara que as coisas melhores, boas e importantes, demoram a acontecer. E agora ali estavam, só os dois,  naquele momento único em que nada mais importava, nem existia sequer.
Então, num descarado abandono, deitava-se na areia mole  e despia-se aos poucos, com os gestos lentos de um amor sem pressa;  e entregava-se inteira às carícias do sol, regalando-se com o seu toque quente e macio; fechava os olhos para sentir melhor o calor e a luz a penetrar-lhe na pele, avançando devagar pelo corpo fora  até chegar ao mais fundo da alma, num encantamento impetuoso e desmedido, uma vaga de bem-estar e de prazer  que, apesar de repetida, nunca é igual e apetece prolongar sem fim.
Depois abria os olhos para os encher do azul à sua volta, ainda não refeita do assombro de como a natureza e o amor podem emocionar tão excessivamente e deixava-se ficar naquele torpor de uma sonolência contemplativa e extasiada, num enlevo insensato que torna tudo possível, alternando  sonho e  realidade,  a nostalgia de amores perdidos e a esperança em amores por vir.
Sentia-se confortada pela certeza doce de haver  na verdade coisas tão simples e aparentemente banais que podiam fazê-la  feliz àquele ponto, tal e qual como sugeria o título, misterioso e promissor,  do romance que andava a ler: La felicidad es un té contigo.

(Fotografia de Virgínia Barros)

2 comentários:

  1. E, depois, apanhou... um escaldão! :))
    (estou a brincar, claro)

    Texto muito bonito, Isabel!

    Beijinho :)

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    1. ahah! Não, que sou muito cuidadosa nisso e também muito morena, o que torna os "escaldões" mais difíceis ;)

      Obrigada, Paulo!

      Beijinho :)

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